Síƚισʂ: ƈσɱҽɾ ҽ ԃσɾɱιɾ ɳα Sҽɾɾα D'Aɾɠα
- 3 dias depois
- 26 de jun. de 2020
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Quando conhecemos este restaurante ficava junto ao mar, em Vila Praia de Âncora. De vez em quando íamos lá almoçar, sobretudo pratos de bacalhau, polvo ou bifinhos na pedra.
Entretanto, a D. Flor e o Sr. José Carlos mudaram-se para a freguesia de Dem, já na Serra D' Arga, e desenvolveram um conceito completamente diferente e que é muito mais do que um restaurante. E, apesar de ser na serra, não pensem que é difícil lá chegar pois fica muito perto de Caminha, a escassos cinco minutos da A28.
A Tasca da Quintinha é um local familiar, que evoluiu para uma excelente diferenciação gastronómica, melhorando aquilo que já era bom ao ir buscar às tradições da serra e às receitas antigas a influência para muitos dos seus pratos! Da sua ementa destacam-se o cabrito à moda da serra (que tem no tempo de preparação um dos seus segredos), o cozido (na época do mesmo), a carne no pote à antiga, a excelente qualidade do naco de boi, o bacalhau e o caldo do pote (já vos explico o que é). A mão da D. Flor faz destes pratos verdadeiras iguarias e, se não estiver assoberbada de trabalho, contem também com a sua agradável conversa e simpatia para vos falar do que cozinha! As entradas contemplam, entre outras coisas, os enchidos tradicionais da zona, não faltando a chouriça de cebola. De entre as sobremesas, até a maçã assada (que parece algo simples), sobressai, mas o destaque vai para uma espécie de leite creme muito especial e tradicional, feito com vinhão, a que se chama Cacau de Vinho ou Cacau dos Bêbados! Perguntem ao Sr. José Carlos sobre as origens deste e de outros pratos tradicionais, pois é um grande defensor dos costumes e tradições da serra e sabe-os como ninguém! E, com o café, não se esqueça de provar um Xiripiti!
No Inverno é um local super agradável - é delicioso comer com a lareira acesa na sala e com a informalidade de quem se encontra numa casa de família. No Verão, confesso que adoro comer ao ar livre, tanto de dia como à noite. De dia aprecia-se a paisagem e, à noite, os ruídos naturais de quem está em plena serra, aliados ao silêncio (não é uma contradição) e a um céu escuro daqueles que nos faz relaxar enquanto contemplamos as estrelas ou procuramos descobrir os satélites que nos sobrevoam, deitados numa das espreguiçadeiras do jardim junto à piscina.
Para além do restaurante, a quintinha permite-nos pernoitar no seu espaço. Os quartos temáticos e casinhas tem também a mão hábil da D. Flor nos diversos restauros e decorações e, o facto de ser um alojamento relativamente pequeno, mantém o ambiente tranquilo e sossegado para quem pretende descansar. Aliadas à estadia, há inúmeras atividades como passeios a cavalo ou pela serra para conhecer cascatas e zonas que só quem é da do local sabe onde se escondem.
Tenho da Quintinha muitas recordações mas uma é mais memorável e reporta-se a um Carnaval! Depois de um ótimo jantar, o Sr. José Carlos e diversas pessoas da zona organizaram (e penso que o continuam a fazer) um Carnaval à antiga, à moda da serra, daqueles em que vamos pelas aldeias a fazer barulho com latas e outros apetrechos, afugentando os espíritos. Paramos em diversas casas onde comemos e bebemos e andamos pela escuridão da serra até terminarmos num baile muito animado, regado com vinho quente que nos aqueceu do frio da noite. De regresso à quintinha, ainda houve tempo para uma Queimada Galega, feita pelo queridíssimo António Alijó!
Durante o Inverno, uma vez por semana, todos são convidados a visitar a Tasca para provar o "Caldo do Pote", "uma sopa tipo a da Pedra, que acompanhada com um pouco de "presigo" (nome dado à carne e enchidos que se comem com pão),uma iguaria tradicional e oriunda da Serra de Arga e de todas as Aldeias circundantes". Esta é uma noite que conta sempre com música tradicional.
Em Agosto, pode também inscrever-se para fazer parte do grupo animado que festeja o S. João D'Arga no Mosteiro com o mesmo nome, naquela que é uma das romarias mais famosas do Alto Minho e que se prolonga noite dentro, sendo talvez o local onde, em simultâneo, se concentra o maior número de concertinas do país!
O que mais me agrada neste local? A comida, o ambiente familiar (os cães e gatos também nos mimam), a simpatia, as tradições e a valorização das mesmas e o sossego! Sobretudo o sossego!
Se tiverem oportunidade, não deixem de experimentar!
Nota: as fotos da Quintinha foram retiradas do site da mesma.
Podem ver do que vos falo em:
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