Das memórias de infância a um jantar excepcional!
- 3 dias depois
- 2 de ago. de 2020
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Quando era miúda passava parte das minhas férias entre Lisboa e a zona do Cadaval.
Se Lisboa era, para mim, totalmente diferente da minha cidade, com idas ao Zoo e imensas coisas diferentes para fazer, era na pequena localidade próxima do Cadaval, perdida por entre pomares, que mais gostava de estar!
As ruas, ainda sem iluminação pública, prolongavam as nossas noites de Verão com os primos e tios. As dormidas naquela a que chamávamos a "casa pequenina", num beco sem saída próximo da igreja, aconteciam tardíssimo por força das brincadeiras, conversas e risadas sem fim!
Em Agosto apanhava-se a pêra rocha e o pêssego para levar à coperativa e todos ajudavam, pois não havia a a mão de obra que agora vem do estrangeiro para estas tarefas. A fruta que não cumpria os critérios da cooperativa era transformada em conserva pela minha tia e pelas irmãs e era fantástico ver os pêssegos tornarem-se mais laranjas e serem colocados em grandes frascos de vidro para se irem comendo ao longo do ano.
Ao fim de semana íamos à praia e lembro-me de apanharmos polvos na Foz do Arelho com os cestos de rede do supermercado do meu tio!
No início de setembro não perdíamos as festas de Alguber e a animação era garantida! A banda filarmónica tocava e toda a gente dançava (algo que, no norte, não acontece muito). Essas noites eram ainda mais longas e divertidas!
Aquilo de que mais gostava, no entanto, era de ver o céu escuro e o brilho muito intenso das estrelas que, sendo iguais às da minha cidade, ganhavam uma dimensão muito mais imponente. Anos mais tarde pude observar, nessa zona, o voo noturno de milhares de pirilampos, naquele que ainda hoje considero um dos espetáculos mais memoráveis a que assisti!
No Verão passado decidi, passados muitos anos, voltar à zona do Cadaval, e passear pelos locais de que me lembro com tanto carinho e saudade. Foi uma viagem ao passado cheia de coisas boas!
E por falar em coisas boas... Como não poderia deixar de ser, tenho uma recomendação de um "Sítio"para almoçar ou jantar! Fica, como se costuma dizer, "no meio de nenhures" e, por isso, é ainda mais surpreendente! Falo-vos do Restaurante Mãe d'Água, em Sobral do Parelhão, na aldeia de Carvalhal (Bombarral). Por entre árvores de fruto e ruas silenciosas e sem trânsito, entrar no Mãe d'Água é como entrar num oásis. O espaço é totalmente inesperado e a ementa uma lufada de ar fresco que marca pelas combinações inusitadas e deliciosas!
Assim que chegámos o que primeiro saltou `a vista foi a simpatia com que fomos recebidos, simpatia essa que se prolongou ao longo do jantar com sugestões adequadas e disponibilidade e atenção constantes. A sala de refeições é ampla e muito agradável e, se ficarem sentados à janela, conseguem vislumbrar o Bacalhôa Buddha Éden ao longe. O que mais me fascinou, contudo, foram os móveis antigos que emolduram as paredes e exibem uma garrafeira majestosa (ainda não vos tinha dito, mas adora coisas antigas às quais se dá novo uso).
A ementa é excepcional e o difícil foi escolher! Aos ingredientes mais tradicionais aliam-se a fruta e os legumes transformando-os em pratos de inspiração contemporânea com sabores que se fundem e complementam divinamente. Optámos por partilhar um prato de peixe e um de carne - Filetes de Peixe espada com Molho de Laranja e um Folhado de Vitela. De sobremesa comi farófias (a minha mãe fá-las imensas vezes mas nunca lhes resisto).
No final do jantar, a tranquilidade permitiu-nos estar um pouco à conversa com os irmãos Lopes que nos falaram da história do edifício (que já foi um armazém de fruta) e nos deixaram cheios de vontade de lá voltar para provar o Arroz de Lingueirão!
Podem saber mais em: http://www.restaurantemaedagua.com/
Se forem para a zona Oeste, mais especificamente para as Caldas da Rainha, Bombarral e Cadaval como eu fiz, deixo-vos algumas sugestões, de locais a visitar na zona ou um pouco mais longe:
Praias e natureza - Nazaré, São Martinho do Porto, Foz do Arelho (aproveitem os passadiços para caminhar à beira mar), Baleal, Areia Branca, Berlengas, Lagoa de Óbidos e tantas mais!
Cidades, vilas e monumentos - Caldas da Rainha (não perca o Parque D. Carlos I, o Museu da Cerâmica e a Fábrica de Faianças Rafael Bordalo Pinheiro), Bombarral, Óbidos (não se esqueça de beber a tradicional ginginha). Pode ainda visitar o Mosteiro de Alcobaça, não muito distante.
Parques temáticos - Bacalhôa Buddha Éden (prepare-se para o calor se for no Verão e aproveite o comboio para ver tudo sem se cansar); Dino Parque Lourinhã (se tiver miúdos e vontade de rumar um pouco mais a Sul); Quinta do Sanguinhal (para os apreciadores de vinhos e da sua produção).
E ainda...Não perca as Salinas de Rio Maior! Para além de ver a extração de sal pode aproveitar para petiscar, ao final da tarde, nas muitas casinhas de madeira (antes armazéns de sal) transformadas em lojas ou pequenos restaurantes.
Tenho tanto mais para dizer sobre esta zona mas fica para um próximo post! Aproveite a zona oeste e conheça Portugal!
Nota: as fotos do Mãe d'Água são da página do próprio restaurante.
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